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PEDRO COSTA - Treinador de Futsal



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Táctica

Necessidade de um novo modelo.

Com a realização deste artigo pretende-se esclarecer algumas questões relativas à “Periodização Táctica”, bem como descrever as premissas que a distinguem das três tendências anteriormente referidas. Assim, visa-se, fundamentalmente, a sistematização de um conjunto de conhecimentos acerca do planeamento e periodização do processo de treino em Futsal.

Como resultado de uma pesquisa conclui-se que as premissas da “Periodização Convencional” diferem das da “Periodização Táctica”. Assim, enquanto que na primeira é a competição que “cria” o treino e este adquire contornos algo “abstractos”, devido à não definição de um modelo de jogo e respectivos princípios, na segunda verifica-se exactamente o contrário. Do mesmo modo, na primeira é dado especial realce à maximização das capacidades condicionais (ênfase na dimensão física), enquanto que na segunda é enfatizado o “jogar bem Futsal”, dando-se realce ao desenvolvimento dos princípios do modelo de jogo (ênfase na dimensão táctica). Na primeira, é dada grande importância ao atleta individual, sendo a época dividida em períodos (nos quais é considerada a preparação geral e especial e uma estreita relação entre volumes e intensidade das cargas) com o intuito de adquirir a forma durante as competições mais importantes. Na “Periodização Táctica” a equipa (colectivo) é o mais importante, sendo preconizado um microciclo padrão para toda a época, no qual a especificidade e as intensidades máximas contribuem para a criação de regularidades ao nível da forma de jogar pretendida. Por fim, verificamos que a terceira tendência (oriunda dos país latino-americanos) é a que mais se aproxima das premissas da “Periodização Táctica” e que esta última é passível de ser aplicada em todos os desportos colectivos e individuais, bem como nos escalões de formação de Futsal.

Para se poder programar e periodizar é necessário a construção de um Modelo de Jogo que terá uma relação de interdependência com os seguintes factores:

Modelo de jogo do treinador, capacidades e características dos jogadores, princípios de jogo (ataque; defesa e transições), organizações estruturais (sistema táctico e estratégia), organização funcional (como se articulam os princípios)

Para se falar de Periodização Táctica implica:

1- Que a dimensão táctica seja entendida como uma cultura de jogo

2- A definição do Modelo de Jogo do treinador. Um projecto consciente da sua concepção de jogo

3- Que o Modelo de Jogo adoptado oriente todo o processo de periodização e planificação do treino

4- Que as restantes funções (técnica, física, cognitiva e psicológica) surjam em função das exigências do Modelo de Jogo

5- A exponenciação do PRÍNCIPIO DA ESPECIFICIDADE. Uma Especificidade/Modelo de Jogo e não uma Especificidade/Modalidade


Os meios de operacionalizar o Modelo de Jogo são os exercícios Específicos. Exercícios desenvolvidos com intensidade de concentração, de acordo com o modelo de jogo adoptado. Estes, serão o meio mais eficaz para adquirir uma forte relação entre a mente e o hábito. Os exercícios específicos é que nos vão levar a jogar segundo os princípios preconizados no modelo de jogo articulando-os e direccionando-os.


A operacionalização do treino reclama a utilização de exercícios específicos desde o 1º dia de trabalho (Carvalhal, 2003).


Só existe Especificidade quando:

existir uma constante relação entre as componentes Táctico-Técnicas individuais e colectivas, psicocognitivas, físicas e coordenativas em correlação permanente com o MODELO de JOGO adoptado pelo treinador e respectivos princípios que lhe dão corpo (Oliveira, 1991).

A operacionalidade da Especificidade deve assumir várias dimensões:

٭ Dimensão Colectiva ( relação 4 jogadores + GR)

٭ Dimensão Grupal ( relação 2 ou 3 jogadores)

٭ Dimensão Individual (1 jogador)

O Cumprimento do Princípio da Especificidade só é atingido na sua magnitude quando durante o treino:

* os atletas entenderem os objectivos e as finalidades

٭ os atletas mantiverem um elevado nível de concentração durante toda a situação

٭ o treinador intervier adequada e atempadamente perante a situação

Planificação “Táctica “ Semanal

Preocupações:
1. Tendo como fundamental na Planificação “Táctica” Semanal, o modelo de jogo, o sub-modelo táctico-estratégico, etc., é importante atender à dinâmica das cargas / esforço e recuperação ( 1 ou 2 jogos semanais). A lógica da carga fisiológica / biológica, se possível deve ser mantida sem grandes oscilações;

2. Lógica evolutiva do Modelo de Jogo Adoptado;

3. Periodização previamente realizada;

4. Jogo realizado: aspectos positivos e aspectos negativos;

5. Jogo a realizar:

- aspectos positivos e negativos da equipa adversária;

- características individuais dos adversários;
- estratégias a adoptar.

Planificação “Táctica “ Diária
Preocupações:

1. Ter sempre em atenção a periodização e a planificação semanal (aos níveis táctico, técnico, físico, cognitivo e psicológico) sendo importante gerir a dimensão física no processo;

2. Definir objectivos concretos e direccionados;

3. Escolher criteriosamente os conteúdos;

4. Promover a interacção da intensidade, dos respectivos volumes, e da recuperação, relacionando-os com a capacidade de concentração necessária;

5. Seleccionar e direccionar as estratégias de acção para a rentabilidade e eficácia do treino;

6. Ser suficientemente aberto para alterar o que for necessário

Como conclusão, o principio da Especificidade é o fundamento teórico da Periodização Táctica, e a principal preocupação é a constante evolução do Modelo de Jogo Adoptado em consequências de melhorar a capacidade de jogar Futsal.